É muito importante e desafiador fazer essa pergunta a si mesmo: quem sou eu?
Reflita e responda. Quem é você? Consegue se definir? Deveria ser fácil, afinal, está falando da pessoa que mais conhece. Ninguém conhece você como você. Ninguém! Isso é óbvio? Então, preste bem atenção quando desejar perguntar algo para alguém sobre você mesmo.
Bom, já respondeu quem é você? Ainda não? Então, por favor, não continue a leitura. Tente responder. Quem é você? Talvez seja melhor levar um pouco mais de tempo para dar essa resposta. Não precisa ter pressa. Se responder rápido é provável que como pensa sobre você mesmo seja influenciado pelo que está experimentando agora, pelo que está vivendo. Isso significa que sua resposta será motivada pelo que hoje o preocupa, entristece ou o alegra e conforta. Será influenciado pelo o que está no topo da sua mente nesse momento, seja lá o que for, e exercerá uma forte influência na sua resposta. Por isso, reflita um pouco mais antes de responder. Responda com a máxima sinceridade e sem se fazer de vítima, de coitado, de durão, de intelectual ou de sábio. Só precisa ser você. Não estou ao seu lado, não vou ouvir, não importa minha opinião e a de ninguém, pelo menos neste momento. Apenas reflita, pense sobre sua vida diária, suas obrigações, seus medos, seus sonhos, seu propósito, suas reações. Pense em você, somente você. Quem é você?
Mas e se fosse obrigado a responder quem é você, o que responderia? Seria você mesmo na resposta? Pense nisso. Pode ter certeza, mais cedo ou mais tarde será obrigado, ainda que não perceba, e responderá quem é você para alguém. Pode ser uma resposta não muito boa se não responder antes a si mesmo. Uma coisa é certa, se não consegue responder com palavras, responderá com seus atos. Seus comportamentos denunciarão você!
Se tem dificuldade em definir a si mesmo, pode ter certeza, as pessoas que te cercam não têm nenhuma. Elas podem definir você com muita facilidade. Por quê? Porque conhecem seus hábitos. Eles revelam seu comportamento, seu comportamento revela você. Por isso, logo que veem você ou ouvem suas palavras, podem identificar se houve alguma mudança em sua vida. Isso demonstra que quando você está diferente de você, a sua mudança é vista pelo simples fato de saberem com facilidade quem é você.
Acreditarmos que sabemos definir o outro melhor que a nós mesmos ou pelo menos com muito mais facilidade. O motivo? Fomos educados, ensinados, influenciados e incentivados a olhar sempre para o outro, a falar do outro, a analisar o outro, a definir o outro e a julgar o outro. É sobre o outro que ouvimos, é sobre o outro que conversamos, é sobre o outro a maior parte do que falamos, principalmente quando estamos em grupo. É por isso que não temos dificuldade em definir o outro. Em grande parte, acreditamos que estamos certos quando descrevemos alguém, quando falamos de alguém, quando julgamos alguém.
Mas e sobre nós mesmos? Por que temos tanta dificuldade em nos definir? Por que nos absolvemos tanto? Por que sempre encontramos respostas para nossas respostas? Por que não concordamos com o que recebemos da vida? Por que acreditamos que vida é injusta? Ela deveria ser justa? E se fosse justa, o que deveria acontecer a você? Se a vida fosse justa com você, será que receberia o que deseja? O que de verdade deveria receber? Talvez devesse agradecer por ela não ser justa.
Quem é você quando ninguém está vendo? Quando está longe da sua esposa ou do seu esposo? Quando seus filhos não estão ao seu lado? Quando seu chefe não está presente? Quem é você quando está sozinho diante do computador? Quando está longe de sua congregação? Quando está com seus amigos? Quem é você?
É a mesma pessoa diante de sua família e longe dela? Na presença e na ausência do seu chefe? Será que você é duas pessoas? Isso é possível? Existem dois “eus” dentro de você? Se existe, quais deles determinam sua conduta e seu comportamento? Quais deles definem você? Por acaso ser dois é o que definimos como “duas caras” e mau-caratismo? É só para pensar um pouquinho.
É importante que entenda que somos o conjunto de tudo que está em nossa mente. Somos todas as conversas que temos com nós mesmos, somos nossas reflexões, nossas decisões, nossas vontades, nosso modo de reagir e agir. O que pensa, como pensa, o que decide, como decide, sua coragem e seu medo. Tudo isso é você. Não importa se sofra influência para decidir. Se sofreu influência e cedeu, esse é você. Se não cedeu, esse também é você. Suas respostas determinam e revelam o que existe em você. É por isso que as pessoas que te cercam podem definir você com facilidade. Elas conhecem bem as respostas que costuma dar.
Se são respostas inteligentes, você é inteligente. Se são respostas tolas, isso mesmo, você é um tolo. Se são decisões egoístas, assim é você, um egoísta. Se ao ouvir algo de alguém surge uma vontade incontrolável de contar para terceiros, é muito provável que seja fofoqueiro. Assim será definido. Se mergulha no problema do outro desejando ajudá-lo, isso também define você, solícito e que pensa no próximo.
Mas reflita um pouco mais. Está investigando você. É a mesma pessoa quando está triste e quando está alegre? Ou melhor, trata as pessoas ao seu redor da mesma forma quando está alegre? Ou quando está triste é muito mais solícito e amigo? Quando as coisas melhoram, torna-se distante e até arrogante? É a mesma pessoa que diz amar o próximo quando está em uma igreja daquela que acabou de tomar, do seu próximo, uma fechada no trânsito?
Sim, você é a mesma pessoa. Você é tudo isso. Possui muitos sentimentos e variadas reações. Você está nas suas reações, nas suas respostas, ainda que não goste delas. Entende agora o porquê de algumas pessoas não gostarem de si mesmas?
É muito importante refletir sobre você mesmo. Isso é chamado de autoavaliação. Se começar refletir mais sobre isso, poderá corrigir muitas coisas, poderá aperfeiçoar o que é preciso, poderá manter o que é necessário e poderá descartar o que precisa ser banido de sua vida. É definidor entender que o banheiro é tão importante quanto a cozinha. Quando olhar mais para dentro de si e menos para o outro descobrirá uma nova vida e muitas de suas respostas e decisões serão completamente diferentes. Entenderá o outro com maior facilidade, julgará menos, será mais reflexivo e menos impulsivo ao avaliar alguém. Verá que muitos têm reações que escondem seus verdadeiros motivos, assim como você. Talvez um ensinamento que Confúcio mostrou faça mais parte da sua vida. “Quando vires um homem bom, procure imitá-lo. Quando vires um homem mal, examina-te a ti mesmo”
Sempre poderá aprender mais sobre você à medida que os anos passam. Vou te dar um exemplo fácil. Você não é a mesma pessoa de dez anos atrás, correto? Assim como não será a mesma daqui a dez anos. Por quê? Porque há dez anos não sabia o que sabe hoje. Suas experiências e aprendizados, ou seja, seus conhecimentos nesses últimos dez anos lhe formaram e definiram muitas mudanças em sua vida. Aprendeu a ser quem nem imaginava, passou por dores, decepções, provas e tempestades. Lutou e venceu batalhas que o marcaram, lutou e perdeu batalhas que o despedaçaram. Algumas delas, ainda bem, não sabia que as enfrentaria. Se soubesse teria desfalecido antes mesmo que chegassem. Mas resistiu. A luta é a prova que não foi vencido. Todo o conhecimento que veio por meio do aprendizado com estudos ou com as experiências trazidas pela vida moldaram você, transformaram você. O fizeram alguém diferente de anos atrás. É por isso que sempre é definidor fazer sua autoavaliação, responder quem é você.
Se muda com o conhecimento adquirido pelo tempo que vive, logo precisa definir constantemente quem é você. Caso não seja um hábito, pode se distanciar muito do que sonhou ser. A propósito, nem sei se é bom falar isso, mas nos próximos dez anos não será quem é hoje.
Lembre-se: não é o tempo que muda alguém, mas o conhecimento que adquiriu com o tempo que lhe foi dado.
Todos os dias terá a chance de dizer ao mundo quem você é. Não estrague seu legado, sua importância nunca estará no que tem, mas no que é. Por isso responda: quem é você?